[balanço a propósito da palestra de Tom Fleming]
Tom Fleming, um conceituado especialista em regeneração urbana e indústrias criativas, deixou-nos ontem pistas muito interessante para pensarmos o futuro da nossa cidade centradas na promoção do empreendedorismo criativo (*).
A propósito da capacidade dos territórios atraírem ou fixarem empreendedores criativos, deixou-nos três ideias fortes, a reter:
- o empreendedorismo criativo tende a florescer em ambientes abertos e colaborativos;
- a paisagem institucional actual não está preparada para responder aos novos desafios;
- são precisos novos espaços, plataformas e aplicações;
Acontece que a história recente da promoção do ‘empreendedorismo criativo’ tem tido alguns problemas ou equívocos, nomeadamente:
- uma tendência para concentrar recursos na produção do ‘hardware criativo‘ (infra-estruturas/equipamentos), com repercussões na menor capacidade de apoio ao ‘software criativo’ (ideias , projectos e capacidades locais);
- menor preocupação com as competências ligadas à ‘criação de valor’ (negócios) dos profissionais criativos;
- menor atenção à valorização das ‘ecologias criativas’ específicas dos lugares;
- cultura de funcionamento sectorial, fragmentada e pouco ágil por parte das instituições;
- inércia institucional e significativa burocracia dos financiadores;
Por tudo isto, segundo TM, é necessário:
- antes de promover a economia criativa cuidar primeiro da ‘ecologia criativa’ específica do território;
- uma maior abertura das instituições (universidades, autarquias e centros de cultura) e estímulos para novas relações entre diferentes actores, mais horizontais, colaborativas e co-responsabilizantes (novas formas de partenariado);
- novos instrumentos de interacção, junção e fusão disciplinar, diferentes dos tradicionais (incubação ou transferência de tecnologia);
- novos espaços (de natureza informal; open-space; ‘cozy spaces’) onde a interacção se possa dar;
- novas competências de intermediação para promover o trabalho colaborativo entre actores ligados ao empreendedorismo criativo;
- maior engajamento cívico dos empreendedores criativos, sobretudo em zonas deprimidas ou problemáticas;
Ilustrando alguns destes conceitos, TF deixou-nos as seguintes pistas inspiradoras:
- Guimarães 2012
- Laboratório de criação digital
- Find Lab
- On Off - Laboratório de Criatividade Urbana
- Smaller City Network
- Open City
- Fábrica ASA
- Peckan Space
- Corner House
- Doc fest
- Centre for Creative Collaboration
- Crafting capital
No final, e partir das sugestões de TF, deixo algumas questões para reflexão, a propósito do futuro da nossa comunidade:
- Como se pode criar um ambiente mais aberto e colaborativo em Aveiro? Que tipo de lideranças e intermediações precisamos? E que actores temos de envolver neste processo?
- Que novos modelos institucionais (mais ágeis, flexíveis e inclusivos) devemos criar para responder aos desafios?
- Que tipo de espaços físicos (plataformas ou aplicações digitais) precisamos de mobilizar para promover o trabalho conjunto e colaborativo?
- Como desenvolver tudo isto no contexto actual (pessimismo, desmobilização e com poucos recursos)?
- Por último, quando começamos colectivamente a re-imaginar a(s) diferentes possibilidade(s) desta nossa cidade?
José Carlos Mota
josecarlosmota@gmail.com
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